Neth recusa pedido para enaltecer figura do PR

A Prisão de Neth Nahara à semelhança da prisão de Tanaice Neutro, Adolfo Campos e outros activistas configura uma agenda política de suprimir as liberdades fundamentais em Angola

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Luanda – A defesa da influenciadora digital Neth Nahara se opôs a uma iniciativa das autoridades angolanas que visava fazer com que ela proferisse um discurso enaltecendo o Presidente João Lourenço, por ocasião da sua saída da prisão de Viana.

Fonte: FORDU

 

Neth Nahara posta em Liberdade por indulto presidencial (perdão presidencial). Neth Nahara é cantora e influenciadora digital. Esteve condenada, inicialmente a 6 meses ampliada essa pena para 2 anos  de prisão fechada. Os activistas de direitos humanos a consideraram como presas por exprimir livremente sua liberdade de expressão reconhecida, garantida e protegida pela Constituição da República de Angola.

Estamos todos lembrados que, a cantora e influenciadora digital Ana da Silva Miguel, conhecida por Neth Nahara, foi condenada pelo crime de “ultraje ao Estado” em Angola.

É uma figura pública envolvida em várias polémicas, incluindo por ter invadido a casa do ex-governador de Luanda e ministro das Obras Públicas, Higino Carneiro, que o acusou de a ter transmitido HIV. O político desmentiu as acusações e divulgou um teste negativo da doença.

No dia 08 de Agosto de 2023, Neth Nahara publicou um vídeo na rede social Tik Tok em que criticava o Presidente angolano, João Lourenço: “Se você continuar assim, não vão fazer tômbola como fizeram no Savimbi e Kadafi. Você mesmo é que irá lá. Os teus amigos não te vão acudir porque eles são falsos”, disse a influenciadora digital.

O Serviço de Investigação Criminal (SIC) não gostou. Neth Nahara foi detida e julgada sumariamente nno dia 10 de Agosto de 2023. O Tribunal da Comarca de Luanda considerou o crime como “provado” e condenou-a a seis meses de prisão efetiva.

Na manhã desta quarta-feira, 1, Neth Nahara foi colocada em liberdade. A soltura foi precedida pela visita do Juiz Presidente da Comarca de Luanda, João Bessa, à cadeia para entregar o documento de soltura. A presença do juiz, acompanhado por um grande número de jornalistas, foi considerada inédita, já que normalmente as solturas são realizadas por oficiais de justiça.

Paralelamente, a delegação do Juiz João Bessa incluía um indivíduo que havia preparado dois documentos: um com perguntas que os jornalistas deveriam fazer a Neth Nahara e outro com um discurso que ela deveria proferir, exaltando a figura de João Lourenço. Ao perceber essa manobra, a defesa da influenciadora se opôs, considerando que a intenção era humilhá-la e atribuir o mérito de sua soltura ao Presidente, quando, na visão da defesa, ela já deveria ter sido libertada condicionalmente há cerca de três meses.

 

 

É importante lembrar que Neth Nahara foi inicialmente condenada a seis meses de prisão em agosto de 2023 por “ultraje ao Presidente da República”. No entanto, após recurso do Ministério Público, a sua pena foi aumentada para dois anos em outubro do mesmo ano. Em setembro de 2024, a defesa solicitou a libertação condicional, mas o pedido foi engavetado. Somente em dezembro passado, ela beneficiou de um indulto presidencial.

Angola possui uma população prisional de aproximadamente 25 mil detentos. Recentemente, o Presidente João Lourenço concedeu indulto a 51 condenados, entre os quais se destacam José Filomeno dos Santos (“Zénu”) e diversos ativistas, como Adolfo Campos, Tanaice Neutro, Hermenegildo José Victor André (“Gildo das Ruas”) e Abraão Pedro dos Santos (“Pensador”).

Adolfo Campos, Tanaice Neutro e outros presos políticos, que se encontravam detidos na prisão de Calomboloca e em outras unidades prisionais, também estavam incluídos na lista de beneficiados por este indulto presidencial. No entanto, na manhã desta quarta-feira, as esposas e familiares desses ativistas se dirigiram às respectivas prisões, acreditando que a libertação ocorreria naquele dia, mas foram informados de que não haveria solturas.

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